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sábado, 14 de julho de 2012 @ 22:03
Poema do por favor
Raposa,
És tulipa
Com cheiro de baunilha
Quando toca os olhos meus
Se te entranhas
Me perdoe
Por findar em choro
Se te acolho
Me perdoe
Por meus espinhos
Com venenos sórdidos
Exalando cheiro de amor
Que é verdadeiro
Em meu murmuro
E lhe confesso:
É teu.
Se me embebedo
Me perdoe
Se quero te encontrar
N'um copo de fantasia
Pois é dura a tua magia
Que me enlaça
Ao mundo real
Que é cruel, que me separa
Dos teus olhos de pena
Tão leves que voam
Até os meus
E se batem,
E se quebram,
Mas teus lábios consertam
Emanando um amor
Me perdoe
Se te ouço e também
sinto topor
Mas amar mata
E bem isso lhe contei
E se me toca o peito
Quero gritar
Mas em silêncio sangro
De amor sei morrer bem.
Valeu a pena
Rimar teu nome com paz
Que você sempre me traz
Se não desiste de viver.
domingo, 1 de julho de 2012 @ 23:22
Se são rosas, florescerão
Lourdes vem se aproximando, ali entre as crianças correndo e os idosos caminhando. Devagarzinho em passos descompassados. Via-se nervosismo em cada pouso dos seus pés sobre o chão. A minha agitação só aumentava. Antes de sair de casa, tive a ideia de lhe trazer algo. Durante sete minutos fiquei pensando o quão careta eu pareceria. Finalmente, decidi que seria careta, mas eu o faria. Depois, durante nove minutos fiquei pensando no que levar. O que não foi fácil, pois eu só tinha vinte e cinco reais. No caminho, dei-me conta de que mulheres se emocionam com flores e quem sabe se eu levar algumas para Lourdes, ela se emocione tanto que poderíamos até trepar. Tudo bem, nada de sonhos em demasia. Mas não deveria ser doces. Sei que ela gosta, mas, se não parar de se empanturrar de açúcar, não passará pelas portas. Finalmente ela chega. Parecia vir em câmera lenta. Talvez fosse meu inconsciente ajudando a preparar-me melhor para o choque de encontrá-la após o nosso beijo de ontem à tarde. Ela traja a paixão, o desejo. Um vestido vermelho de decote pudico, ingênuo. Ah! Ela sabe o que o vermelho me desperta... Talvez ela não seja tão santa assim. Não importa! É melhor que eu pare de pensar nestas cousas antes que ela perceba. Lourdes sorri. Apenas sorri. Será que ela não gostou? São rosas vermelhas e custaram todo os vinte e cinco reais que eu tinha. Ah! Lourdes, doce Lourdes, como você está linda. Mas bem que podia dizer alguma mísera palavra, não é? Bem na hora! Por nada, menina Lourdes, foi um prazer trazer-lhe estas flores. Agora, entre suas mãos, o meu rosto. Olhava-me séria o fundo dos olhos, olhar resoluto. Nenhuma palavra. Meu Deus! Que sensação. O silêncio está pesado de alusões. Que tal falarmos sobre o casamento real? Deixa para lá. Está bem, eu sentarei com você nesta grama. Deitar do seu lado? Tudo bem, um terno abraço. A praça estava cheia de pessoas e o barulho só matava a luz do sol. A temperatura do ambiente está boa. O ambiente? É preciso que eu encontre imediatamente um assunto para conversar. Um super assunto, que não acabe nunca. Digo que a amo agora? Eu ensaiei bem antes de estar aqui. "Lourdes, ontem foi inexplicável. Senti coisas que nunca senti antes. Tudo num beijo só. Acho que estou apaixonado. Não... (Preciso parecer bobinho e confuso, assim é mais fácil) Eu tenho certeza! Aceita ser só minha, Lourdes?". Caramba! Foi mais difícil que eu imaginei. Antes, você se sente o super-homem, protegido pelas pessoas que lhe rodeiam. Seguro de si e descontraído. Mas numa hora dessas, Ah, mas em uma hora dessas você se sente pior que o verme. Principalmente por que treme. Quê, Lourdes? Eu quase me mato para falar isto e é o que me fala?

As flores não são lá tanta cousa. Ele podia ter feito melhor. Quiçá, orquídeas. Tulipas vermelhas significam amor eterno, meu tesouro. Sua cabeçinha linda pode ir mais além que simples rosas, sei disto. Como se eu não lesse seus pensamentos daqui, heim? Olhe os meus olhos. Veja-me além do vestido pintado pela cor do pecado, veja-me atrás dos seus olhos. Depois de ontem à tarde, quando selamos nosso amor com aquele beijo, percebi o quão bobo você é. Não consegue, agora, dizer uma sequer palavra. O pior? É que também não consigo cuspir uma sequer palavra. Todas presas à entrada do esôfago, na ponta da língua, guardadas e trancadas em minha bolsa. Que tal se nós falarmos sobre o casamento real? Deixa para lá. Talvez ele me ache romântica ou fútil demais por tocar neste assunto. Estaria certo no quesito fútil. É melhor que eu segure o seu rosto e apenas olhe no fundo dos seus doces olhos. Não precisaremos de palavras, o silêncio nos faria duas almas num só corpo. Antes que eu me apaixonasse perdidamente pelo que eu enxergaria o olhando na alma, finalmente falei: "Venha cá, deita ao meu lado sobre esta grama". Ah! Pedro, você realmente sabe o quanto preciso deste seu abraço? É como um elixir para minha vida esvaecida. Pedro, eu também o amo, mas ainda não sei o que lhe dizer. Perdoe-me a falta de resposta. Se eu fosse um espelho, você veria como me olha apaixonado. Isto é o que me assusta, querido. Por favor, não me olhe com este olhar atônito e preocupado. Espero que não se importe agora, que me entenda depois. Mas a única coisa que posso lhe dizer é: "Vamos contar histórias?". Eu sei, meu amor, não é fácil começar a contar histórias nesta situação, com sua cabecinha nos meus seios, seu ar embaraçado.
@ 22:58
Haicai para o assaltante
Mas poesia não te nego
Se me matar, só te peço:
Entrega esse poema pra ele.
@ 22:49
Bilhete do por favor
Ah, mas não peço muito! Peço quase nada, coração. Só peço para que fique aqui, para que não vá embora e faça as minhas dores se esvaírem com um murmuro seu. Quando me toca, amor meu, meus monstros se dissolvem e são levados, pelo vento, para qualquer outro canto sórdido. Voam para o norte, são arrastados para o sul, se perdem no oeste, e correm até o leste. Mas se você vai embora, L., eles sabem o caminho de volta. Sabem exatamente como me encontrar. Não existe rua, avenida ou endereço no qual eu possa me esconder. Só seu coração me protege, L.! E lhe prometo ficar quietinha, abraçando os próprios joelhos, pequenininha, encolhidinha, quase invisível. Não ligarei o som alto e prometo cumprimentar os vizinhos! Não atormentarei seu coração, L. – como tenho atormentado sua mente.
@ 22:22
Sobre um amor sem resposta
Moço da sacola farta,
Aventureiro das ruas,
Espero que não parta
Minha poesia em duas
Estrofes tão amenas
De dores tão serenas
Que a saudade deixa.
Moço da sacola farta,
Explorador de ruas,
Deixando poesias nuas
Com teu trabalho penoso.
Moço da sacola farta,
Espero que me mate
a saudade que faz parte
desse amor tão ocioso.
Moço da sacola farta,
Traga-me a felicidade,
N'um envelope colorido,
De um amor de verdade
No papel nu acolhido.
Moço da sacola farta,
Quando é que você vem?
Chega, hoje é quarta!
Pega a dor que me atém.
Moço da sacola farta,
Esperto que não parta
Para o seu lar
Sem, antes, me entregar
A tão esperada carta
De amor de três anos atrás.

sábado, 23 de junho de 2012 @ 21:30
Poeminha Guilhermino atrás da porta

[Ei, poeta]

Dispensa a armadura
Que teus olhos te asseguram
O riso em vai e vem

E vê se não te preocupa
Que logo, logo se cura
Essa dor que te atém

[Dá cá a mão]
@ 20:46
Eu que tinha um nome diferente já quis ser Luísa
E ainda que eu pudesse ser uma mulher de Chico, talvez fosse a boba. Mulher singela, desarmada. Desenhada por inocência, ressaltada por esperança. Sim, esperança. Por que depois de um primeiro amor fracassado, só a dita cuja para dar disposição para um segundo. E antes que houvesse um terceiro fracasso, finalmente o meu coração cessaria em dizer não e na paixão se entregaria n’um sim. Teresinha é corajosa, mas por detrás das costelas, cicatrizes de batalhas. E talvez, outrora, eu não quisesse isso. Queria ser limpa, clara, virgem na pele e na alma.

Mas, e então, só depois de ser boa, talvez quisesse ser o fútil. Vestir-me com o manto da banalidade. Ser corriqueira das riquezas, fruto da exuberância, a obra esculpida em carrara do trivial. Preterir dos sentimentos genuínos, mas abraçar os sentimentos que sujam qualquer espírito. Talvez eu quisesse ser assim material. Talvez quisesse ser a Ana “das marcas, das macas, das vacas, das pratas”. Ser a Ana de Amsterdam. E meu desejo até se realizaria se em meu bolso não houvesse a ausência do tostão.

Logo, desejei ser outra mulher. Quiçá, o escarro, mulher do menosprezo. A esquecida, rejeitada. Ser Ligia e não despertar amores, pudores, valores e todos os outros e quais queres ores. Mas, também, não me sentira abaixo do solo por isso. Também mentiria e seria impiedosa! Lecionaria as mentiras de amor. Entretanto sorrir infiel é algo difícil para que eu faça. Então cessei. Cessei de Ligia. Cessei de mim. Cessei de todas. Todas até pensar em Luísa. Ah! Luísa...

Doce Luísa, Chico te esculpe em letras, verso e estrofes. E finalmente eu quis ser alguém! Alguém que n’um sorriso ilumine até o mais negro dos cantos. Fazer da fluidez da minh’alma o abrigo de um ser. Ter os olhos coloridos de frutas doces, suculentas. E o chocolate branco que é da pele, precipitasse calor na mais gélida das almas. Quis ser o riso, a paixão; ser a mulher banhada com as melhores das essências, as que correm por dentro d’um peito, purifica e regozija até nas mais duras batalhas da vida.

Desejei ser Luíza e fazer dos meus braços, abrigo do desamparado. Cativar o mais incrédulo dos corações. Ser uma mulher por quem alguém se levanta da cama todas as manhãs e em seguida sorri. Sorri só por sorrir, sorri só por amar. Fazer com que alguém por mim se “esqueça no tempo e no espaço, quase levite, faça sonhos de crepon”.

Faço a lua
Faço a brisa
Pra Luisa dormir em paz

Foi só então depois de ler teus versos, Chico, que me dei conta que de Luísa eu não tinha nada, não poderia ser. Minh'alma estava mais para Tereza Tristeza.
quinta-feira, 21 de junho de 2012 @ 21:01
Versinhos ensolarados
Se pedir
eu caso agora
não demoro a te encontrar

Se medir
o meu amor
não dá nem pra encher o mar

@ 17:13
Haicai Felipino
Ah, meu amor! A aurora
Chegou a nos tocar. Presenciou
o teu riso que me mora.
@ 17:12
Chá de rosas com você de manhã

Bem sei que sou pequenina, amor...
O teu casaco tanto me engole!
Teu coração resiste, por que é mole,
Ao meu sorriso terno (en)frente(!) a dor.
Sangrando vou silenciosa em arrepio,
O sereno doído fado de ser poeta,
Que, em meus olhos, uma chuva projeta
Mas não desanuvia o cruel conluio.
Espera! Não vá e vê se me perdoa...
Por tantos prantos em meio ao abstrato,
Que lhe reguei os lábios belos à toa,
Perdendo as finas linhas do meu retrato.
Bem sei que sou franzina, amor...
Mas, para força, há sempre a tua broa
Fazendo-me sorrir para o mundo ingrato.
@ 17:08
Haicai hemorrágico
Cala-se. O sangue caminha,
Cessou a alma. E só sobrou
o que o monstro tinha.
@ 17:06
Bilhetinho no travesseiro

Bom dia, meu mô!
Acordei na minha cama
E que longe de você!
Já vou fazendo drama,
Por que não vem me ver?

Vem logo, meu mô!
A saudade má apareceu
E seus beijos secaram.
Tentei até sorrir, Romeu!
Mas Julieta sem ti é nada.